Ramal Ferroviário de Piraju
HISTÓRICO DA LINHA: O ramal de Piraju, com 26,041 km, foi aberto ao tráfego em 3 de outubro de 1906, e na época era na verdade a continuação da linha do Tibagi, nome na época do tronco da Sorocabana. A linha tinha apenas duas estações, Ataliba Leonel e Piraju, e partia da estação de Manduri. Em 1908, com a linha do Tibagi continuando a partir de Manduri, a linha de Piraju passou a ser o ramal de Piraju. A linha foi construída, na verdade, com a Câmara Municipal de Piraju bancando parte do seu custo. O ramal foi um dos dois últimos, ao lado do ramal de Santa Cruz do Rio Pardo, ali próximo, dos curtos ramais da Sorocabana a ser desativado, no final de 1966.
A ESTAÇÃO: O prédio da estação de Piraju, funcionava como ponta da linha do Tibagi, transformou-se dois anos mais tarde no ponto terminal do ramal de Piraju, visto que o que viria a se tornar o tronco da Sorocabana continuou a partir de Manduri para oeste. Na verdade, o ramal Manduri-Piraju foi custeado pela Prefeitura de Piraju, interessada em ter a Sorocabana coletando café em suas terras. Construída a partir de 1906 e inaugurada em 05/04/1908, portanto dois anos depois de sua inauguração, na época de Percival Farquhar, empresário americano dono da Sorocabana a partir de 1907 e de uma enorme rede ferroviária no Brasil da época, a estação segue uma tipologia arquitetônica diferente das demais estações construídas pelo governo, tendo sido projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo. A partir de 1915, passou a ligar a estação à cidade, e dali a Sarutaiá, uma linha de bondes com 26 km - mesma extensão do ramal - que, segundo Werner Vana, tem importância histórica devido a dois fatos: a conexão com a estação da Sorocabana, e pelo fato de Piraju ser na época a menor cidade do Estado de São Paulo. Na época da inauguração dos bondes, a cidade tinha menos de 4000 habitantes. Os bondes foram desativados provavelmente antes do fim do ramal. Em 1937, o conjunto passou por grandes transformações: novas unidades residenciais foram construídas, além de outro armazém, maior que o original. A estação foi ampliada no piso superior: lá era a residência do chefe da estação e, por causa da família numerosa, foram construídos mais dois quartos. Com a desativação do ramal ferroviário em 1966, o local ficou em estado de semi-abandono. Os armazéns ainda foram usados até 1971 para estoque de café produzido na região, em sacas que passaram a ser enviadas de caminhão para a estação de Bernardino de Campos, onde eram transportadas pelos trens da Sorocabana. A estação, bem como todo o ativo do ramal, passou não para a Fepasa, em 1971, mas para o Governo do Estado. Foi usado pela Prefeitura e alguns outros usos, depois foi invadida, e foi abandonada.
Em 1913, o já ex-Presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, o primeiro à esquerda sentado no tílburi, visita o Brasil e para em Piraju, aonde foi pelo trem da Sorocabana; Roosevelt estava descendo para o sul, de onde voltaria para o Mato Grosso, onde se encontraria com o General Rondon. Passou em Piraju para conhecer a ponte de ferro construída pelo seu filho Eng. Kermit Roosvelt. Aqui, ele está em frente à estação da cidade junto com Ataliba Leonel o prefeito da época.
(Kermit está em pé na plataforma acima do Ataliba)
Sob a liderança de Ataliba Leonel, reuniram-se em 1903 destacados membros da elite pirajuense, para solicitar ao presidente do Estado, Dr. Bernardino de Campos, a extensão da Estrada de Ferro Sorocabana até Piraju (naquele momento, a ferrovia terminava em Manduri). Os cafeicultores da região já aventavam a possibilidade de financiar parte dos custos do ramal.
Em 05 de abril de 1908 esteve em comitiva visitando a cidade o Governador Dr Jorge Tibiriçá, que teve seu nome gravado na Vila onde se encontra o Ramal Ferroviário de Piraju.
Em seu governo a Estrada de Ferro Sorocabana foi adquirida da União e arrendada para um grupo norte-americano, foi criada a Polícia Civil do Estado de São Paulo em 1906, as primeiras carteiras de identidade do estado em 1904 e feita uma nova constituição estadual em 1905.
Na foto ao lado pode-se notar a população na plataforma da Estação toda enfeitada para a recepção do nobre visitante.
Um acordo entre a Prefeitura e o Estado, onde este último doou a área para o município, permitiu o uso provisório dos galpões o que, de fato, resultou em certo nível de conservação dos imóveis. A doação exigiu que o conjunto fosse usado para fins culturais. Os armazéns estão sendo utilizados como oficina cultural com apoio do Senac, já desde 1997. Em 2009, iniciou-se a restauração do prédio da estação, incluindo a recuperação de seus detalhes e suas pinturas.
Em julho de 2010 implantação de um projeto com trilhos ao redor da estação
para posterior colocação de um Trenzinho para atrair turistas ao local, que infelizmente não foi possível implantar o passeio por medida de segurança.
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